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A literatura imaginativa de Cervantes e Monteiro Lobato pode dialogar com as obras de C. S. Lewis? Vamos descobrir

 

Por Gabriele Greggersen

 

Recentemente tive o privilégio de lançar dois livros. Um é resultado de uma reivindicação de vários leitores e estudiosos de Lewis, que reclamavam do esgotamento do livro Antropologia Filosófica de C.S. Lewis, que foi a tradução para o grande público de minha tese de doutoramento sobre O leão, a feiticeira e o guarda-roupa de C.S, Lewis, uma das sete Crônicas de Nárnia. Nele, faço algumas reflexões em cima da obra, de cunho filosófico, mais precisamente, da filosofia da educação, e de cunho teológico. Logo de início, chamo a crônica de parábola, e também a comparo ao conto de fadas. Ao final, traço um paralelo entre a crônica e a Bíblia. Mas sempre frisando que essa é apenas uma interpretação possível e que o importante, na verdade, é a ética por trás da história, ou seja, os valores universalmente válidos, que ela veicula.

Tudo isso eu resolvi chamar de “antropologia filosófica”, já que a ênfase é o ser humano e temas relacionados a ele, como a razão, a realidade, a redenção e a imaginação.

Como a editora não pretendia partir para uma segunda edição, outra editora sugeriu que eu fizesse uma versão compacta da tese, que resultou em Pedagogia Cristã na Obra de C.S. Lewis, mas que logo também se esgotou.

Por isso é que eu fiz uma boa revisão e acrescentei mais alguns insights, que resultaram no atual O leão, a feiticeira e o guarda-roupa e a Bíblia.Opi_29_08_16_Dom_Quixote

Já o outro livro cujo título é A imaginação ética de Dom Quixote das Crianças, parece não ter muito a ver com o outro livro, mas tem. Fiquei insatisfeita por me mover apenas no âmbito da literatura britânica (acabei fazendo estudos também sobre J.R.R. Tolkien, que foi amigo de C.S. Lewis e com o qual ele compartilhava várias visões sobre a literatura e a imaginação). Resolvi, assim, investigar também a literatura brasileira, à procura de alguém que tivesse explorado a imaginação e seu poder de veiculação de valores universais de forma similar a Lewis.

Então tive um namoro com Malba Tahan (cujo nome verdadeiro era Júlio César de Melo e Souza), que me fascina na sua maneira de forjar uma literatura fantástica das mil e uma noites para dar o seu recado ao mundo, além de sua fantástica história de vida. Mas ele me levou a Monteiro Lobato, seu conterrâneo. Por mais que me atraísse o fato de o legado de Malba Tahan e sua obra-prima, O Homem que Calculava, estar relegado ao esquecimento e por mais que ele merecesse, sem dúvida ser resgatado, optei por Lobato. Isso porque ele abrangeu uma diversidade maior de gêneros, incluindo o resgate da mitologia e de clássicos da literatura, que me atraiam em si mesmos. E quando descobri que Lobato havia reescrito a história do cavaleiro da triste figura, que é considerado o maior clássico da literatura de todos os tempos, na narrativa de Dona Benta, meu tema de pós-doutoramento estava escolhido.

Seria um prato cheio analisar uma obra com uma diversidade tão grande de narradores: Lobato, Dona Benta e Cervantes.

É claro que, antes de explorar o uso que Lobato fez da imaginação, eu mesma fiz uma exploração do que vários filósofos disseram sobre ela. Em seguida, eu me debrucei sobre a literatura imaginativa, particularmente dos contos de fada, categoria em que o clássico de Cervantes e obra de Monteiro Lobato também poderiam ser encaixados, de acordo com a concepção ampla de G. K. Chesterton, J. R. R. Tolkien e do próprio C. S. Lewis.

Moral da história: se usamos o conceito de contos de fadas desses autores e os valores universais da ética de C.S. Lewis, que são os mesmos da ética clássica de Aristóteles, São Tomás de Aquino e que estão descritos em Cristianismo Puro e Simples, podemos analisar qualquer obra clássica da literatura. Nisso, estaremos em busca dos tesouros mais escondidos e mais preciosos para ajudar o leitor desavisado a alcançá-los e, assim, contribuir para o atingimento do objetivo comum de todos esses autores: mudar o mundo para melhor, pelo poder da imaginação!

Os livros podem ser adquiridos, em São Paulo, no Colégio Luterano:

Rua Prof. Vilalva Júnior, 73 – São Paulo, SP. Tel.: (11) 2915-7966. eventos@luterano.com.br, e nas livrarias e no site da Editora Prismas.

 

VEM AÍ!

Em outubro, Ultimato lançaráLeituras Diárias das Crônicas de Nárnia – Um Ano com Aslam”. Aguarde!

 

  1. “A Antropologia Filosófica de C.S. Lewis” foi publicada pela Editora Mackenzie. Se se vai ao portal, o leitor é informado que a obra está esgotada.

    Um resumo da obra em outra portal indica que a autora encara Lewis como filósofo. E assim é tratado em sua dissertação que depois virou livro.

    Faz-se de tudo de Lewis. Em inglês há sobra de biografias deste escritor inglês. Desconheço obra de peso que trata de sua biografia em português. “JACK, A LIFE OF C. S. LEWIS” de um de seus grandes amigos de longa data, George Sayer, é uma das obras clássicas que faz jus à figura deste inglês falecido no mesmo ano em que Kennedy foi assassinado.

    É preciso que uma biografia de C. S. Lewis seja vertida para o português, porque muito se escreve sobre Lewis, mas não sobre como Lewis formou-se, em seus anos e épocas formativas, do seu pensamento e como ele evoluiu.

    Lewis nunca foi filósofo. Isso não quer dizer que ele não poderia discorrer sobre questões filosóficas. Dominava o francês, o alemão, italiano, e era versado tanto no grego como no latim. Mas sua área não era nem teologia nem filosofia.

    É verdade que Lewis serviu como tutor em filosofia, entre 1924 e 1925, mas foi especialista em língua inglesa e literatura que ele gastou 29 anos em Magdalene College, Cambridge. A Dra. Gabriele pouco fala da influência de J. R. R. Tolkien sobre Lewis, considerando Tolkien um cristão católico romano conservador.

    Lewis foi honrado pelos seus méritos e ocupou a Cadeira de Literatura Medieval e Renascença da University de Cambridge. Tudo isso está ao alcance do leitor no link da Fundação C. S. Lewis http://www.cslewis.org/resource/chronocsl/

    Quase nada se ouve falar disso nos escritos da Dra. Gabriele. Mas é compreensível, há de se conviver, ela é doutora em filosofia da educação e seu objetivo declarado é de “costuma se identificar como missionária no mundo acadêmico”.

    É difícil, portanto, lê-la de modo equidistante de seu objeto de estudo, vez que este objeto de estudo será sempre moldado pelo caráter de análise missionária.

    • Oi Eduardo,

      Obrigada por sua análise e contribuição. Sobre erradicar a minha visão missionária de Lewis, infelizmente não posso te ajudar, pois ela faz parte do meu ser. Nunca afirmei que Lewis tivesse sido filósofo, apenas extraí a filosofia dele, como se pode extrair a filosofia de qualquer pessoa, quer seja ela boa ou ruim.

      Abraço

      Gabriele

      • “Nunca afirmei que Lewis tivesse sido filósofo, apenas extraí a filosofia dele, como se pode extrair a filosofia de qualquer pessoa, quer seja ela boa ou ruim.” (Dra. Gabriele)

        Nem eu disse que a sra. disse que ele era filósofo. Afirmei e afirmo com convicção que nem filosofia nem teologia (especialmente esta última) era sua praia.

        De igual modo, não sugeri nem pedi que ‘erradica-se’ nada quanto à sua “visão missionária de Lewis”, bem como não solicitei ajuda neste particular à sra — “infelizmente não posso te ajudar, pois ela faz parte do meu ser”.

        Posso sugerir sim que a sra. faça um curso sobre C.S.Lewis, como por exemplo, com o Dr. Know Chamberlain, como eu fiz no RTS https://www.rts.edu/Site/Academics/docs/syllabi/Distance/0ST620_CS%20Lewis_Chamblin.pdf , o que certamente abrirá em muito seus horizontes dando enfoque mais apropriado a seu entendimento de Lewis.

        • Oi Eduardo,

          Se o entendi mal, então me perdoe. Seu comentário sobre o Sofrimento agora é muito procedente.
          Muito obrigada pela sugestão de curso. A ampliação de horizontes sempre é bem-vinda. Espero que meu site também tenha contribuído minimamente para ampliar a sua.

          Abraço

          Gabriele

  2. O texto em tela levanta várias questões. Parece, é a minha impressão, haver confusão quanto à compreensão de alguns de seus pontos. Vou apontar apenas um ponto: Julio Cesar de Melo e Souza (que é tema de um capítulo do livro “Aragem do sagrado. Deus na literatura brasileira do século XX”. São Paulo: Loyola, 2012) nasceu no Rio de Janeiro no final do século XIX (1895) e morreu no Recife (1974). Ora, tendo nascido no Rio não tinha como ser contemporâneo de Monteiro Lobato (como afirmado no texto), que era paulista de Taubaté. Talvez a autora estivesse pensando em “compatriota”. Mas parece que a autora queria dizer “contemporâneo”. Se foi este o caso (suponho que tenha sido), há aí um equívoco parcial, porque Lobato era 13 anos mais velho que o Prof. Julio Cesar de Melo e Souza, que por sua vez morreu 26 anos depois do escritor de Taubaté.

    • Oi amigo Carlos,

      Obrigada pela correção. Era contemporâneo mesmo que eu quis dizer. E, apesar da diferença de idade, não é impreciso dizer que eles sejam da mesma época, que é o que o nome quer dizer.

      Abraço


  3. Carlos Caldas:

    O texto em tela levanta várias questões. Parece, é a minha impressão, haver confusão quanto à compreensão de alguns de seus pontos. Vou apontar apenas um ponto: Julio Cesar de Melo e Souza (que é tema de um capítulo do livro “Aragem do sagrado. Deus na literatura brasileira do século XX”. São Paulo: Loyola, 2012) nasceu no Rio de Janeiro no final do século XIX (1895) e morreu no Recife (1974). Ora, tendo nascido no Rio não tinha como ser conterrâneo de Monteiro Lobato (como afirmado no texto), que era paulista de Taubaté. Talvez a autora estivesse pensando em “compatriota”. Mas parece que a autora queria dizer “contemporâneo”. Se foi este o caso (suponho que tenha sido), há aí um equívoco parcial, porque Lobato era 13 anos mais velho que o Prof. Julio Cesar de Melo e Souza, que por sua vez morreu 26 anos depois do escritor de Taubaté.

    • A palavra certa era mesmo “contemporâneo”, amigo Carlos, obrigada pela correção. E acho que, apesar da diferença de idade, não é impreciso considerá-los da mesma época, que é o que a palavra quer dizer.
      Mas obrigada por sua crítica.
      Fique com Deus!
      Abraço

  4. Registro o fato de que há uma fundação em nome de C. S. Lewis. Em nenhum lugar, corrijam-me se estiver errado, onde a Dra. Gabriele menciona esta organização cujo link é este http://www.cslewis.org/

    Há uma riqueza e abundância de dados, informações, artigos, videos, palestras que procuram fazer pesquisa e manter a mais possível fidedignidade da pessoa e obra de Lewis. Ainda que há um sincero esforço da parte de Dra. Gabriele de promover esta figura importante que entra com força no cristianismo, não se lê, pelo menos não percebo, nenhum espírito de gratidão à fundação C.S.Lewis.

    Esta fundação, meritória em muitos aspectos, tem levado a efeito alguns objetivos que resultaram em grande visibilidade:

    C.S. Lewis College
    http://www.cslewis.org/programs/college.html

    Regional Conferences and Retreats
    http://www.cslewis.org/ourprograms/conferences/

    The C.S. Lewis Study Centre at The Kilns
    http://www.cslewis.org/programs/kilns/index.html
    http://www.cslewis.org/give/livinglegacy/

    C.S. Lewis Foundation
    P.O. Box 8008, Redlands, CA 92375
    1849 Wabash Ave., Redlands, CA 92374

    A minha grande dificuldade com o relevante trabalho da Dra. Gabriele, ainda que haja lamentáveis lacunas, é que ela não trata do LEGADO de C.S.Lewis como, por exemplo, a Fundação, e seu site https://ultimato.com.br/sites/cslewis/2016/08/29/o-que-lewis-cervantes-e-lobato-tem-em-comum/ em ULTIMATO não faz justiça a este LEGADO.

    Se o leitor clicar na seção SITES INDICADOS do blog da Dra. Gabrile, ele encontrará:
    Sites indicados
    SITES AMIGOS
    Faculdade Teológica Sul Americana
    Seminário Teológico Servo de Cristo
    Editora Ultimato
    Portal da Editora Mandruvá
    Descubra Nárnia

    Ora, isso não é tratar C.S.Lewis adequadamente e com justiça o seu LEGADO. E mais, ela se apresenta em ULTIMATO assim: “Costuma se identificar como missionária no mundo acadêmico”. Em nada isso envergonha o trabalho de uma pessoa, mas certamente dá a dimensão de como trata a vida e a obra de C.S.Lewis e isso não enobrece o inglês, sua obra e sobretudo seu LEGADO.

    • Oi Eduardo,

      Obrigada pelas dicas de site, que já conhecia e tinha na versão anterior do site. Muito obrigada pelas críticas e por me lembrar.

      Abraço

      Gabriele

  5. A humanidade segue aos solavancos sob os escombros de sua patologia edênica sob o fascínio do sedativo das fantasias que buscam fundamento nas utopias que rivalizam com a verdade, tornando a verdade distante dos campos dos sonhos, dos ambientes que anseiam pela conexão do MARAVILHOSO, dos cursos para os quais a humanidade foi criada para viver… Usurpando o ser, conduz este como no antigo conto do FLAUTISTA, para fora da cidade de DEUS as multidões avisadas pelo equívoco deliberadamente forjado pelo complexo eixo da mentira… Assim, os trabalhos de Gabriele Greggersen que vai ousadamente indo e construindo estas estalagens para que o ser seja composto como humanidade e integrados como seres na profundidade tal onde os elementos se revigoram no VIGOR da VERDADE regada pelo SABER que clama na praça como a PESSOA que fala, no falar da GRAÇA que toca o ser e lhe conduz às dimensões eternas… Seja a GRAÇA de DEUS sobre teu coração Gabriele e sobre os que acessarem estas linhas condutoras pelos vales estranhos de uma terra invadida pelo mal, mas que já está impactado pelo ESCRITO do SABER…

    • Oi Heber, amigo,

      Obrigada por tuas palavras tão profundas e verdadeiras! E por tua amizade e orações também agradeço muito.

      Grande abraço

      Gabriele

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